sábado, 31 de maio de 2025

Encerramento do Mês Mariano

No encerramento do mês de maio, dedicado à especial veneração da Mãe de Deus, o Santo Padre Leão XIV se uniu aos fiéis em oração na Gruta de Lourdes, nos jardins vaticanos.

Texto da alocução do Santo Padre em italiano aqui.

 

Missa de Ordenação Sacerdotal

Caros ordinandos, concebei-vos a vós mesmos à maneira de Jesus! Ser de Deus – servos de Deus, povo de Deus – nos liga à terra: não a um mundo ideal, mas ao mundo real. Assim como Jesus, são pessoas de carne e osso aquelas que o Pai coloca em vosso caminho. Consagrai-vos a elas, sem vos separardes, sem vos isolardes, sem transformar o dom recebido em uma espécie de privilégio. 

E então, juntos, reconstruiremos a credibilidade de uma Igreja ferida, enviada a uma humanidade ferida, dentro de uma criação ferida. Não somos ainda perfeitos, mas é necessário ser credíveis.

Texto completo em italiano aqui.

Mensagem aos Bispos da França

Leão XIV enviou uma mensagem aos Bispos da França por ocasião do centenário da canonização de três grandes santos franceses: São João Eudes, São João Maria Vianney e Santa Terezinha do Menino Jesus.

"Alegra-me poder dirigir-me a vós, Pastores da Igreja na França e, por meio de vós, a todos os fiéis neste mês de maio de 2025, em que se comemora o 100º aniversário da canonização de três Santos que, com a graça de Deus, o vosso País deu à Igreja Universal: São João Eudes (1601-1680), São João Maria Vianney (1786-1859) e Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face  (1873-1897). Elevando-os à glória dos altares, o meu predecessor Pio XI deseja apresentá-los ao Povo de Deus como mestres a quem escutar, como modelos a imitar e como poderosos intercessores a quem rezar e invocar. A amplitude dos desafios que, um século depois, se colocam à Igreja na França e, para enfrentar-los, a atualidade de suas três figuras de santidade, me compelem a convidar-vos a dar um relevo particular a este aniversário".

Texto completo aqui em francês e italiano.

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Encontro com o Patriarca de Constantinopla

Sua Santidade o Papa Leão XIV recebeu Sua Santidade o Patriarca Bartolomeu no Palácio Apostólico Vaticano. Eles já haviam se encontrado anteriormente numa audiência concedida pelo Sumo Pontífice aos representantes de Igrejas apostólicas sem comunhão com Roma e a outros líderes religiosos, que estiveram presentes na missa inaugural de seu pontificado.  

O Bispo de Roma e o Patriarca de Constantinopla representam os dois patriarcados mais importantes da Igreja do primeiro milênio. Roma, seguida por Constantinopla, Antioquia, Alexandria e Jerusalém constituíam a Pentarquia da Igreja indivisa. Esse período, profícuo na defesa da fé cristã contra as heresias, deu à Igreja os seus grandes concílios ecumênicos.

Entre as razões do encontro está a preparação da esperada visita do Papa de Roma à Turquia, para a celebração dos 1700 anos do Concílio de Niceia. Nesse concílio, realizado no ano 325, se reafirmou a Divindade de Jesus Cristo contra a doutrina judaizante de Ario. Posteriormente, no ano 381, foi completado pelo Concílio de Constantinopla e, como resultado de ambos, produziu-se o Credo Niceno-Constantinopolitano, máxima expressão da fé católica e ortodoxa.  

Aos movimentos e associações da "Arena de Paz"



O caminho para a paz exige corações treinados e formados na atenção ao outro e capazes de reconhecer o bem comum no contexto hodierno. A estrada que leva à paz é comunitária, passa pelo cuidado das relações de justiça entre os seres vivos. A paz, afirmou São João Paulo II, é um bem indivisível, ou é de todos ou não é de ninguém (cf. Sollicitudo rei sociais, 26). Essa pode ser realmente conquistada e fruída, como qualidade de vida e como desenvolvimento integral, somente quando se ativa nas consciências "uma determinação firme e perseverante de empenhar-se pelo bem comum" ((Sollicitudo rei sociais, 38).

Texto completo em inglês e italiano aqui.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Visita privada a Castel Gandolfo


Papa Leão XIV deixou a Vaticano para uma visita a Castel Gandolfo, nos arredores de Roma.

O Santo Padre visitou o "Borgo Laudato Si’", projeto criado pelo Papa Francisco  como um espaço de formação sobre "ecologia integral"; visitou também os Jardins do Belvedere e o "Criptopórtico", restos arqueológicos da sala das audiências do imperador Domiciano, onde o Papa Pio XII, em 1944, forneceu refúgio a mais de 12.000 pessoas após o bombardeio da região durante a Segunda Guerra Mundial; e se deteve em oração no Jardim da Virgem Maria, um refúgio historicamente apreciado por muitos Papas.

Por fim, concluiu sua visita no Palácio Papal e na histórica "Villa Barberini".

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Audiência Geral - o Bom Samaritano



Hoje gostaria de vos falar de uma pessoa experiente, preparada, um doutor da Lei que, contudo, deve mudar de perspetiva, porque está concentrado em si mesmo e não se dá conta dos outros (cf. Lc 10, 25-37). Com efeito, ele interroga Jesus sobre o modo como se “herda” a vida eterna, recorrendo a uma expressão que a entende como um direito inequívoco. Mas por detrás desta pergunta talvez se esconda precisamente uma necessidade de atenção: a única palavra sobre a qual pede explicações a Jesus é o termo “próximo”, que literalmente significa aquele que está perto.

Com efeito, a parábola que Jesus narra tem como cenário uma estrada, e é uma estrada difícil e impérvia, como a vida. É a estrada percorrida por um homem que desce de Jerusalém, a cidade na montanha, para Jericó, a cidade abaixo do nível do mar. Trata-se de uma imagem que já prenuncia o que poderia acontecer: efetivamente, acontece que o homem é atacado, espancado, roubado e deixado meio-morto. É a experiência que ocorre quando as situações, as pessoas, às vezes até aqueles em quem confiamos, nos tiram tudo e nos deixam no meio do caminho.

Um sacerdote e um levita descem por aquela mesma estrada. São pessoas que prestam serviço no Templo de Jerusalém, que habitam o espaço sagrado. Todavia, a prática do culto não leva automaticamente a ser compassivo. Com efeito, antes de ser uma questão religiosa, a compaixão é uma questão de humanidade! Antes de sermos crentes, somos chamados a ser humanos!

A compaixão exprime-se através de gestos concretos. O evangelista Lucas concentra-se nas ações do samaritano, a quem chamamos “bom”, mas que no texto é simplesmente uma pessoa: o samaritano faz-se próximo.

Caros irmãos e irmãs, quando também nós seremos capazes de interromper o nosso caminho e ter compaixão? Quando compreendermos que o homem ferido ao longo da estrada representa cada um de nós. E então a recordação de todas as vezes que Jesus parou para cuidar de nós tornar-nos-á mais capazes de compaixão.

Texto completo aqui.

terça-feira, 27 de maio de 2025

Aos Jogadores e Dirigentes do SSC Napoli


Talvez não queríeis aplaudir porque dizem na imprensa que sou torcedor do Roma... Isso se diz na imprensa. Nem tudo o que se lê na imprensa é verdade!

Ganhar o campeonato é uma meta que se alcança ao final de um largo caminho, no qual o que mais conta não é a façanha de um momento, nem a atuação extraordinária de um campeão. 

Parece-me que o valor social de um acontecimento como esse, que vai mais além do mero aspecto técnico-desportivo é o exemplo de uma equipe que trabalha unida, em que o talento de cada um se põe a serviço do conjunto.

Lamentavelmente, quando o esporte se converte em um negócio, corre o risco de perder os valores que o tornam educativo, e pode chegar a ser até mesmo "deseducativo". Sobre este aspecto é preciso vigilância, especialmente quando se trata de adolescentes. Deve-se prestar muita atenção à qualidade moral da experiência desportiva em termos de competitividade, porque está em jogo o crescimento humano dos jovens.

Texto completo aqui.

domingo, 25 de maio de 2025

Visita à Basílica de Santa Maria Maior

O Santo Padre concluiu a série de visitas às Basílicas Maiores Romanas em Santa Maria Maior, onde venerou o ícone da Santíssima Virgem Maria Salus Populi Romani.



Santa Missa e Tomada de Posse na Cátedra Romana


A Igreja de Roma é herdeira de uma grande história, enraizada no testemunho de Pedro, de Paulo e de inúmeros mártires, e tem uma única missão, muito bem expressa pelo que está escrito na fachada desta Catedral: ser Mater omnium Ecclesiarum, Mãe de todas as Igrejas.

Nos Atos dos Apóstolos (cf. 15, 1-2.22-29) narra-se, em particular, como a comunidade primitiva enfrentou o desafio da abertura ao mundo pagão no anúncio do Evangelho. 

Paulo e Barnabé subiram a Jerusalém. Não decidiram por conta própria: procuraram a comunhão com a Igreja mãe e foram até lá com humildade.

Ali encontraram Pedro e os Apóstolos, que os ouviram. Assim se iniciou o diálogo que finalmente levou à decisão correta: reconhecendo e considerando as dificuldades dos neófitos, concordou-se em não lhes impor encargos excessivos, mas limitar-se a pedir o essencial (cf. Act 15, 28-29). Assim, o que poderia parecer um problema, tornou-se para todos uma ocasião de reflexão e crescimento.

Eles escrevem: «o Espírito Santo e nós próprios resolvemos» (Act 15, 28). Enfatizam, portanto, que a atitude mais importante em toda a questão – aquela que tornou possível todo o resto – foi a escuta da voz de Deus. Assim, eles nos lembram que a comunhão se constrói primeiramente “de joelhos”, na oração e num compromisso contínuo de conversão

Também o Evangelho nos reafirma esta mensagem (cf. Jo 14, 23-29), dizendo-nos que não estamos sozinhos nas escolhas da vida. O Espírito nos sustenta e nos indica o caminho a seguir, “ensinando-nos” e “lembrando-nos” tudo o que disse Jesus (cf. Jo 14, 26).

Em primeiro lugar, o Espírito nos ensina as palavras do Senhor, gravando-as profundamente em nós, segundo a imagem bíblica da lei escrita não mais em tábuas de pedra, mas nos nossos corações (cf. Jr 31, 33); um dom que nos ajuda a crescer até nos tornarmos “carta de Cristo” (cf. 2 Cor 3, 3) uns para os outros. E é exatamente assim: somos tanto mais capazes de anunciar o Evangelho quanto mais nos deixamos conquistar e transformar por ele, permitindo que a força do Espírito nos purifique no íntimo, torne simples as nossas palavras, honestos e transparentes os nossos desejos, generosas as nossas ações.

Quanto a mim, expresso o desejo e o compromisso de entrar neste vasto canteiro, colocando-me, na medida do possível, à escuta de todos, para aprender, compreender e decidir juntos: «para vós sou Bispo, convosco sou cristão», como dizia Santo Agostinho (cf. Sermão 340, 1). Peço-vos que me ajudem a fazê-lo num esforço comum de oração e caridade, recordando as palavras de São Leão Magno: «Todo o bem realizado por nós no exercício do nosso ministério é obra de Cristo, e não nossa; pois nada podemos sem Ele, mas é n’Ele que nos gloriamos, d’Ele que provém toda a eficácia da nossa ação» (Sermão 5, De natali ipsius, 4).

Para concluir, gostaria de acrescentar a essas palavras aquilo que disse o Beato João Paulo I, que em 23 de setembro de 1978, com o rosto radiante e sereno que já lhe valera o apelido de “Papa do sorriso”, assim saudou a sua nova família diocesana: «São Pio X – dizia ele – entrando como Patriarca em Veneza, exclamou em São Marcos: “Que seria de mim, venezianos, se não vos amasse?”. Eu digo aos Romanos coisa semelhante: posso assegurar-vos que vos amo, que só desejo começar a servir-vos e pôr à disposição de todos as minhas pobres forças, aquele pouco que tenho e sou» (Homilia na tomada de posse da Cátedra do Bispo de Roma, 23 de setembro de 1978).

Também eu vos expresso todo o meu carinho, com o desejo de partilhar convosco, no caminho comum, alegrias e dores, cansaços e esperanças. Também eu vos ofereço “o pouco que tenho e que sou”, e confio-o à intercessão dos Santos Pedro e Paulo e de tantos outros irmãos e irmãs, cuja santidade iluminou a história desta Igreja e as ruas desta cidade. Que a Virgem Maria nos acompanhe e interceda por nós.

Texto completo aqui.

Ao Prefeito e à Administração da Cidade de Roma


A caminho da Basílica do Latrão, para a posse formal da Cátedra Romana, o Papa Leão XIV se deteve na Praça Ara Coeli aos pés da escadaria do Campidoglio onde recebeu a homenagem do Prefeito, Roberto Gualtieri, e da Cidade de Roma.

Na ocasião, o Santo Padre saudou o Prefeito e a Cidade.


Senhor Prefeito,

Sou-lhe muito grato pelo acolhimento e pelas palavras de saudação que me dirigiu. Agradeço, juntamente com o senhor, à Administração municipal, bem como as Autoridades civis e militares, no dia de minha tomada de posse como Bispo de Roma.

Iniciando oficialmente o ministério de Pastor desta Diocese, sinto a grave e apaixonante responsabilidade de servir a todos os seus membros, tendo no coração sobretudo a fé do povo de Deus e também o bem comum da sociedade. Por causa desta última finalidade somos colaboradores, cada um em seu próprio âmbito institucional. Logo após a eleição, eu recordava aos irmãos e irmãs reunidos na Praça de São Pedro que com eles sou cristão e para eles sou bispo: de modo especial, hoje posso dizer que para vós e convosco sou romano!

Há dois mil anos, a Igreja vive o próprio apostolado em Roma anunciando o Evangelho de Cristo e prodigalizando-se na caridade. A educação dos jovens e a assistência aos que sofrem, a dedicação aos últimos e o cultivo das artes são expressão de cuidado pela dignidade humana que, em todos os tempos, devemos apoiar, especialmente em favor dos pequenos, os fracos e os pobres. No ano santo do Jubileu, esta solicitude se estende aos peregrinos provenientes de toda parte do mundo, e se vale também do pródigo empenho da Administração Capitolina, pelo qual exprimo minha viva gratidão.

Senhor Prefeito, auspicio que Roma, inigualável pela riqueza de seu patrimônio histórico e artístico, também se distinga sempre pelos valores de humanidade e civilidade que a partir do Evangelho atingem suas seivas vitais. Com tais sentimentos, invoco a Bênção Apostólica sobre esta Cidade e todos os seus habitantes. 

Regina Caeli do VI Domingo de Páscoa


Ainda estou no início do meu ministério entre vós e quero, primeiramente, agradecer-vos o afeto que me tendes dedicado e, ao mesmo tempo, pedir que me apoieis com a vossa oração e proximidade.

Sentimo-nos por vezes inadequados para tudo aquilo a que o Senhor nos chama, tanto no percurso da vida como no caminho da fé. Mas o Evangelho deste domingo (cf. Jo 14, 23-29) diz-nos que não devemos olhar para as nossas forças, mas para a misericórdia do Senhor que nos escolheu, certos de que o Espírito Santo nos guia e nos ensina todas as coisas.

Aos Apóstolos que estavam perturbados e ansiosos na véspera da morte do Mestre, e se interrogavam como poderiam ser continuadores e testemunhas do Reino de Deus, Jesus anuncia o dom do Espírito Santo, com esta promessa maravilhosa: «Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada» (v. 23).

Assim, Jesus liberta os discípulos de toda a angústia e preocupação e pode dizer-lhes: «Não se perturbe o vosso coração nem se atemorize» (v. 27). Com efeito, se permanecermos no seu amor ele vem morar em nós, a nossa vida torna-se templo de Deus e este amor ilumina-nos, abre caminho no nosso modo de pensar e nas nossas escolhas, a ponto de se estender também aos outros e iluminar todas as situações da nossa existência.

Irmãos e irmãs, este habitar de Deus em nós é precisamente o dom do Espírito Santo, que nos toma pela mão e nos faz experimentar, também na nossa vida quotidiana, a presença e a proximidade de Deus, fazendo de nós a sua morada.

Olhando para a nossa vocação, para as realidades e as pessoas que nos foram confiadas, para os compromissos que assumimos, para o nosso serviço na Igreja, é belo que cada um de nós possa dizer com confiança: embora eu seja frágil, o Senhor não se envergonha da minha humanidade, pelo contrário, vem habitar em mim. Acompanha-me com o seu Espírito, ilumina-me e faz de mim um instrumento do seu amor para os outros, a sociedade e o mundo.

Caríssimos, sobre o fundamento desta promessa, caminhemos na alegria da fé, para sermos templo santo do Senhor. Esforcemo-nos por levar o seu amor a toda a parte, recordando que cada irmã e cada irmão é a morada de Deus, cuja presença se revela sobretudo nos mais pequenos, nos pobres e nos que sofrem, exigindo que sejamos cristãos atentos e compassivos.

Por fim, confiemo-nos todos à intercessão de Maria Santíssima. Por obra do Espírito, Ela tornou-se “morada consagrada a Deus”. Com Ela, também nós podemos experimentar a alegria de acolher o Senhor e de ser sinal e instrumento do seu amor.

sábado, 24 de maio de 2025

Aos Funcionários da Cúria Romana e do Estado do Vaticano



Os Papas passam, a Cúria permanece. A Cúria é a instituição que custodia e transmite a memória histórica de uma Igreja, do ministério de seus Bispos. A memória é um elemento essencial em um organismo vivo. Não apenas se dirige ao passado, mas nutre o presente e orienta o futuro. Sem memória, extravia-se do caminho, perde-se o sentido do percurso. 

Há também um outro aspecto que desejo recordar, complementar àquele da memória, e esse é a dimensão missionária  da Igreja, da Cúria e de todas as instituições ligadas ao ministério petrino.

Por essa razão, repito aquilo que eu disse na minha primeira saudação: "Devemos buscar juntos como ser uma Igreja missionária, uma Igreja que constrói pontes, diálogo, sempre aberta a acolher com os braços abertos a todos, todos aqueles que necessitam de nossa caridade, da nossa presença, do diálogo e do amor".  

Texto completo em italiano aqui.

quinta-feira, 22 de maio de 2025

À Assembleia Geral das Pontifícias Obras Missionárias



As Pontifícias Obras Missionárias são efetivamente os "principais meios" para se despertar a responsabilidade missionária entre todos os batizados e para apoiar as comunidades eclesiais onde a Igreja é jovem (cf. Decreto Ad Gentes, 38).

A promoção do zelo apostólico entre o Povo de Deus segue sendo um aspecto essencial da renovação da Igreja como preconizada pelo Concílio Vaticano II, e é de todos o mais urgente em nossos dias. Nosso mundo, ferido pela guerra, violência e injustiça, necessita ouvir a mensagem evangélica do amor de Deus e experimentar o poder de reconciliação da graça de Cristo.

Assim, vemos a importância de se fomentar o espírito de discipulado missionário em todos os batizados e  o sentido de urgência em levar Cristo a todos os povos.

Hoje, como nos dias depois de Pentecostes, a Igreja, conduzida pelo Espírito Santo, trilha sua jornada através da história com confiança, alegria e coragem ao proclamar o nome de Jesus e a Salvação que nasce da fé na verdade salvadora do Evangelho.

Eu gostaria de refletir sobre dois elementos distintivos de vossa identidade como Pontifícias Obras Missionárias: comunhão e universalidade.

Sois chamados a cultivar e promover entre os membros a visão da Igreja como comunhão de fiéis, animados pelo Espírito Santo, o qual nos habilita a entrar na perfeita comunhão e harmonia da Trindade Santa. De fato, é na Trindade que todas as coisas encontram sua unidade. In Illo uno unum. Cristo é nosso Salvador e n'Ele nós somos um, uma família de Deus, para além da rica variedade de línguas, culturas e experiências.

A consideração de nossa comunhão como membros do Corpo de Cristo naturalmente nos abre à dimensão universal da missão evangelizadora da Igreja, e nos inspira a transcender os confins individuais de nossas paróquias, dioceses e nações, de modo a compartilhar com todos os povos e nações a incomparável riqueza do conhecimento de Jesus Cristo (Fl 3,8). 

Texto completo em inglês aqui.

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Primeira audiência geral

 


Cada parábola conta uma história retirada do quotidiano, fazendo nascer em nós perguntas como: "onde estou eu nesta história? O que diz esta imagem à minha vida?". De fato, cada palavra do Evangelho é como uma semente lançada no solo da nossa vida.

No capítulo 13 do Evangelho de Mateus, a parábola do semeador introduz uma série de outras pequenas parábolas, algumas das quais falam precisamente do que acontece no solo: o trigo e o joio, o grão de mostarda, o tesouro escondido no campo. Então, o que é este solo? É o nosso coração, mas é também o mundo, a comunidade, a Igreja. A palavra de Deus, com efeito, fecunda e provoca toda a realidade.

Deus, assim, espalha abundantemente a Palavra, ainda que ela nem sempre encontre terreno bom para produzir. A Palavra de Jesus é para todos, mas atua de uma forma diferente em cada pessoa. Estamos habituados a calcular as coisas – e às vezes é necessário – mas isso não vale no amor!". E, apesar de atuar em nós de modo diverso, a Palavra conserva sempre o poder de fecundar as situações da vida de cada um, pois vem de Deus e Ele nunca desiste.

Jesus nos diz que Deus lança a semente da sua Palavra em todo o tipo de solo, ou seja, em qualquer das nossas situações: ora somos mais superficiais e distraídos, ora deixamo-nos levar pelo entusiasmo, ora somos oprimidos pelas preocupações da vida, mas também há momentos em que estamos disponíveis e acolhedores. Deus está confiante e espera que mais cedo ou mais tarde a semente floresça. Ele nos ama assim: não espera que nos tornemos o melhor solo, Ele nos dá sempre generosamente a Sua Palavra.

Queridos irmãos e irmãs, em que situação da vida nos chega hoje a Palavra de Deus? Peçamos ao Senhor a graça de acolher sempre esta semente que é a sua palavra. E se percebermos que não somos solo fértil, não desanimemos, mas peçamos-Lhe que trabalhe mais em nós para nos tornarmos um solo melhor.

Texto completo em italiano aqui.

terça-feira, 20 de maio de 2025

Visita à Basílica de São Paulo Extramuros e ao túmulo do Apóstolo.


A passagem bíblica que ouvimos é o início de uma linda carta dirigida por São Paulo aos cristãos de Roma, cuja mensagem gira em torno de três grandes temas: a graçaa  a justiça. Ao confiarmos o início deste novo Pontificado à intercessão do Apóstolo dos Gentios, meditemos juntos sobre a sua mensagem.

São Paulo diz, primeiramente, que recebeu de Deus a graça da vocação (cf. Rm 1, 5). Ou seja, reconhece que o seu encontro com Cristo e o seu ministério estão ligados ao amor com que Deus o amou primeiro, chamando-o a uma nova existência, quando ele ainda estava longe do Evangelho e perseguia a Igreja. Santo Agostinho - também ele convertido - fala da mesma experiência, dizendo: «Mas o que podemos escolher, se antes não formos escolhidos? Porque não conseguiremos amar, se antes não formos amados» (Sermão 34, 2). Na raiz de toda a vocação está Deus: a sua misericórdia, a sua bondade, generosa como a de uma mãe (cf. Is 66, 12-14), que naturalmente, através do seu próprio corpo, alimenta o seu filho quando este ainda não é capaz de se alimentar a si mesmo (cf. Santo Agostinho, Comentário aos Salmos, 130, 9).

Mas Paulo, no mesmo trecho, fala também da «obediência da fé» (Rm 1, 5), e também aqui partilha a sua experiência. Com efeito, o Senhor, ao aparecer-lhe no caminho de Damasco (cf. Act 9, 1-30), não o privou da liberdade, mas deixou-lhe a possibilidade de uma escolha, de uma obediência que era fruto do esforço, de lutas interiores e exteriores, que ele aceitou enfrentar. A salvação não acontece por magia, mas por um mistério de graça e de , do amor prévio de Deus e da adesão confiante e livre do homem (cf. 2Tm 1, 12).

Ao mesmo tempo que agradecemos ao Senhor a vocação com que transformou a vida de Saulo, pedimos-lhe que saibamos responder do mesmo modo aos seus convites, tornando-nos testemunhas do amor «derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5, 5). Pedimos-lhe que saibamos cultivar e difundir a sua caridade, tornando-nos próximos uns dos outros (cf. Francisco, Homilia das segundas vésperas da Solenidade da Conversão de São Paulo, 25 de janeiro de 2024), no mesmo combate de sentimentos que, a partir do encontro com Cristo, levou o antigo perseguidor a fazer-se «tudo para todos» (1 Cor 9, 22), até ao martírio. Assim, na fraqueza da carne, para nós como para ele, revelar-se-á o poder da fé no Deus que justifica (cf. Rm 5, 1-5).

Esta Basílica está confiada, há séculos, aos cuidados de uma comunidade beneditina. Falando, portanto, do amor como fonte e motor do anúncio do Evangelho, como não recordar os insistentes apelos de São Bento, na sua Regra, à caridade fraterna no mosteiro e à hospitalidade para com todos (Regra, capítulos LIII; LXIII)?

Mas gostaria de concluir recordando as palavras que, mais de mil anos depois, outro Bento, o Papa Bento XVI, dirigiu aos jovens: «Queridos amigos – disse – Deus ama-nos. Esta é a grande verdade da nossa vida e que dá sentido a tudo o mais. [...] na origem da nossa existência, há um projeto de amor de Deus» e a fé «nos leva a abrir o nosso coração a este mistério de amor e a viver como pessoas que se sabem amadas por Deus» (Homilia na Vigília de Oração com os jovens, Madrid, 20 de agosto de 2011).

Esta é a raiz, simples e única, de toda a missão, incluindo a minha, como sucessor de Pedro e herdeiro do zelo apostólico de Paulo. Que o Senhor me dê a graça de corresponder fielmente ao seu chamamento.


 

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Aos representantes das Igrejas ou comunidades cristãs não-católicas e de outras religiões



A minha eleição ocorreu no 1700º aniversário do Primeiro Concílio Ecumênico de Niceia. Este Concílio representa um marco na elaboração do Credo partilhado por todas as Igrejas e Comunidades eclesiais. Enquanto estamos a caminho de restabelecer a plena comunhão entre todos os cristãos, reconhecemos que esta unidade só pode ser a unidade na fé. Como Bispo de Roma, considero ser um dos meus deveres prioritários procurar o restabelecimento da comunhão plena e visível entre todos aqueles que professam a mesma fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

Com efeito, a unidade foi sempre para mim uma preocupação constante, como o testemunha o lema que escolhi para o ministério episcopal: In Illo uno unum, expressão de Santo Agostinho de Hipona que nos recorda como também nós, embora sejamos muitos, «n’Aquele que é um [ou seja, Cristo], somos um só» (Comentários aos Salmos, 127, 3). A nossa comunhão realiza-se efetivamente na medida em que convergimos no Senhor Jesus. Quanto mais formos fiéis e obedientes a Ele, mais unidos estaremos entre nós. 

Ao mesmo tempo que expresso afeto fraterno a Sua Santidade Bartolomeu, a Sua Beatitude Teófilo III e a Sua Santidade Mar Awa III, estou sinceramente grato a cada um de vós: a vossa presença e orações são para mim de grande conforto e encorajamento.

Gostaria de dirigir uma saudação especial aos nossos irmãos e irmãs judeus e muçulmanos. Devido às raízes judaicas do cristianismo, todos os cristãos têm uma relação especial com o judaísmo

As relações entre a Igreja Católica e os muçulmanos têm sido marcadas por um crescente empenho no diálogo e na fraternidade, fomentado pela estima por estes irmãos e irmãs, pois «adoram eles o Deus Único, vivo e subsistente, misericordioso e omnipotente, criador do céu e da terra, que falou aos homens» (ibid., 3). Esta abordagem, baseada no respeito mútuo e na liberdade de consciência, é uma base sólida para construir pontes entre as nossas comunidades.

Num mundo ferido pela violência e pelo conflito, cada uma das comunidades aqui representadas traz o seu próprio contributo de sabedoria, compaixão e empenho para o bem da humanidade e para a preservação da casa comum. 

O testemunho da nossa fraternidade, que espero possamos demonstrar com gestos eficazes, contribuirá certamente para a construção de um mundo mais pacífico, como todos os homens e mulheres de boa vontade desejam em seu coração.

Texto completo aqui.

domingo, 18 de maio de 2025

Homilia Inaugural do Pontificado de Leão XIV



Caros irmãos cardeais, irmãos no episcopado e no sacerdócio, ilustres autoridades e membros do Corpo Diplomático, irmãos e irmãs:

Saúdo todos vocês com um coração cheio de gratidão no início do ministério que me foi confiado. Escreveu Santo Agostinho: “Fizeste-nos para vós, Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em vós” (Confissões, 11,1).

Nos últimos dias vivemos tempos particularmente intensos. A morte do papa Francisco encheu os nossos corações de tristeza. E naquelas horas difíceis sentimo-nos como as multidões que o Evangelho diz serem “como ovelhas sem pastor” (Mt 9,36).

No entanto, precisamente no dia de Páscoa, recebemos a sua última bênção. E, à luz da ressurreição, enfrentamos este momento na certeza de que o Senhor nunca abandona o Seu povo, mas congrega-o quando se dispersa e guarda-o “como um pastor ao seu rebanho” (Jr 31,10).

Nesse espírito de fé, o Colégio Cardinalício reuniu-se para o conclave; chegando com histórias diferentes e a partir de caminhos diversos, colocamos nas mãos de Deus o desejo de eleger o novo sucessor de Pedro, bispo de Roma, um pastor capaz de guardar o rico patrimônio da fé cristã e, ao mesmo tempo, de olhar para longe, para ir ao encontro das interrogações, das inquietações e dos desafios de hoje. Acompanhados pela vossa oração, sentimos a ação do Espírito Santo que soube harmonizar os diferentes instrumentos musicais e fez vibrar as cordas do nosso coração numa única melodia.

Fui escolhido sem qualquer mérito e com temor e tremor. Venho até vós como um irmão que deseja fazer-se servo da vossa fé e da vossa alegria, percorrendo convosco o caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa única família.

Amor e unidade. Essas são as duas dimensões da missão que Jesus confiou a Pedro.

É o que nos narra o trecho do Evangelho que nos leva ao Lago de Tiberíades, o mesmo onde Jesus iniciou a missão recebida do Pai: “pescar” a humanidade para salvá-la das águas do mal e da morte. Passando pela margem daquele lago, chamam Pedro e os outros primeiros discípulos para serem, como ele, “pescadores de homens”; e agora, após a ressurreição, cabe-lhes precisamente a eles levar em frente esta missão: lançar sempre novamente a rede, emergindo nas águas do mundo a esperança do Evangelho e navegar no mar da vida, para que todos se possam reencontrar no abraço de Deus.

Como pode Pedro levar adiante essa tarefa? O Evangelho diz-nos que isso só é possível porque ele experimentou na própria vida o amor infinito e incondicional de Deus. Mesmo na hora do fracasso e da negação. Por isso, quando Jesus se dirige a Pedro, o Evangelho usa o verbo grego agapao, que se refere ao amor que Deus tem por nós, à sua entrega sem reservas nem cálculos, diferente do usado na resposta de Pedro, que descreve o amor de amizade que cultivamos entre nós.

Quando Jesus pergunta a Pedro, “Simão, filho de João, tu amas-me?” (Jo 21,16) Refere-se ao amor do Pai. É como se Jesus lhe dissesse, Só se conheceste e experimentaste este amor de Deus, que nunca falha, poderás apascentar as minhas ovelhas. Só no amor de Deus Pai, poderás amar os teus irmãos com algo mais, isto é, oferecendo a vida por eles.

A Pedro, portanto, é confiada a tarefa de amar mais e dar a sua vida pelo rebanho. O ministério de Pedro é marcado precisamente por este amor oblativo, porque a Igreja de Roma preside na caridade e a sua verdadeira autoridade é a caridade de Cristo. Não se trata nunca de capturar os outros com a prepotência, com a propaganda religiosa ou com os meios do poder. Mas trata-se sempre e apenas de amar como fez Jesus.

Ele, afirma o próprio apóstolo Pedro, “é a pedra que vós, os construtores, desprezastes e que se transformou em pedra angular” (At 4,11). E se a pedra é Cristo, Pedro deve apascentar o rebanho sem nunca ceder à tentação de ser um líder solitário ou um chefe colocado acima dos outros, tornando-se dominador das pessoas que lhe foram confiadas. (1 Pe, 5,3); pelo contrário, é lhe pedido que sirva a fé dos irmãos, caminhando com eles.

Todos nós, com efeito, somos pedras vivas, chamados pelo nosso batismo a construir o edifício de Deus na comunhão fraterna, na harmonia do Espírito, na convivência das diversidades, como afirma Santo Agostinho: “A Igreja é constituída por todos aqueles que mantêm a concórdia com os irmãos e que amam o próximo”. (Sermão 359,9).

Irmãos e irmãs, gostaria que este fosse o nosso primeiro grande desejo: uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado.

Em nosso tempo, ainda vemos demasiada discórdia, demasiadas feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma econômico que explora os recursos da terra e marginaliza os mais pobres. E nós queremos ser, dentro dessa massa, um pequeno fermento de unidade, de comunhão, de fraternidade. Queremos dizer ao mundo com humildade e alegria, olhai para Cristo, aproximai-vos d’Ele, acolhei a sua palavra que ilumina e consola.

Escutai a sua proposta de amor para vos tornardes a sua única família: no único Cristo, somos um. E esse é o caminho a percorrer juntos, entre nós, mas também com as igrejas cristãs irmãs, com aqueles que percorrem outros caminhos religiosos, com quem cultiva a inquietação da busca de Deus, com todas as mulheres e todos os homens de boa vontade, para construirmos um mundo novo onde reine a paz.

Esse é o espírito missionário que nos deve animar, sem nos fecharmos no nosso pequeno grupo nem nos sentirmos superiores ao mundo. Somos chamados a oferecer a todos o amor de Deus, para que se realize aquela unidade que não anula as diferenças, mas valoriza a história pessoal de cada um e a cultura social e religiosa de cada povo.

Irmãos e irmãs, esta é a hora do amor. A caridade de Deus que faz de nós, irmãos, é o coração do Evangelho. E com o meu predecessor, Leão XIII, podemos hoje perguntar-nos: “Não se veria em breve prazo estabelecer-se a pacificação, se estes ensinamentos pudessem vir a prevalecer nas sociedades?” (Carta enc. Rerum novarum, 20).

Com a luz e a força do Espírito Santo. Construamos uma Igreja fundada no amor de Deus sinal de unidade, uma Igreja missionária que abra os braços ao mundo, que anuncia a Palavra, que se deixa inquietar pela história e que se torna fermento de concórdia para a humanidade.

Juntos, como um único povo, todos como irmãos, caminhemos ao encontro de Deus e amemo-nos uns aos outros. 

Santa Missa de Início de Pontificado de Leão XIV



Hoje, 5º Domingo de Páscoa, o Santo Padre, Papa Leão XIV, presidiu, no átrio da Basílica Vaticana, a Santa Missa de início de seu ministério petrino.

Antes da Celebração Eucarística, o Papa desceu, com os Patriarcas das Igrejas Orientais ao Sepulcro de São Pedro sob a Basílica Vaticana, onde se deteve em oração, incensando em seguida o Trophaeum Apostólico.

Regressando à Basílica, o Santo Padre se uniu à procissão dos Cardeais concelebrantes que, precedidos dos diáconos que portavam o Pálio, o Anel do Pescador e o Evangeliário, chegando ao Altar no átrio da Basílica ao canto das Laudes Regiae.

No curso da Celebração Eucarística, depois da proclamação do Evangelho, tiveram lugar os ritos específicos do início do pontificado: a imposição do Pálio por parte do Cardeal-Diácono Mario Zenari, com uma oração recitada pelo Cardeal-Presbítero Fridolin Ambongo Besungu, O.F.M. Cap., a entrega do Anel do Pescador pelo Cardeal-Bispo Luis Antonio Tagle e a obediência prestada ao Santo Padre por três Cardeais em nome de todo o Colégio: o Cardeal Frank Leo, o Cardeal Jaime Spengler, O.F.M., e o Cardeal John Ribat, M.S.C. Prestaram obediência ao Santo Padre também alguns representantes do Povo de Deus: o Bispo de Callao (Peru) S.Exª. Dom Luis Alberto Barrera, M.C.C.J., o Rev. Pe. Guillermo Inca Pereda, o Diácono Teodoro Mandato, os Religiosos: Ir. Oonah O’Shea, Presidente da União Internacional das Superioras Gerais, e o Padre Arturo Sosa, S.J., Presidente da União dos Superiores Gerais, um casal de esposos, Rafael Santa Maria e Ana María Olguín, e os jovens Josemaria Diaz e Sheyla Cruz.

sábado, 17 de maio de 2025

Aos membros da Fundação "Centesimus Annus Pro Pontifice"



Já o Papa Leão XIII visava a contribuir para a paz estimulando o diálogo social, entre capital e trabalho, entre as tecnologias e a inteligência humana, entre diversas culturas políticas, entre as Nações. Papa Francisco usava o termo "policrise" para evocar a dramaticidade da conjuntura histórica que estamos vivendo. A Doutrina Social da Igreja é chamada a fornecer chaves interpretativas que ponham em diálogo ciência e consciência.

A Doutrina Social, de fato, nos educa a reconhecer que mais importante que os problemas, ou que as respostas a eles, é o modo com o qual os enfrentamos, com critérios de avaliação e princípios éticos e com abertura à graça de Deus.

A doutrina, enquanto reflexão séria, serena e rigorosa, pretende ensinar-nos, em primeiro lugar, a saber nos aproximar das situações e, antes ainda, das pessoas. Ademais, nos ajuda a formular um juízo prudencial. A seriedade, o rigor, a serenidade, são as coisas que devemos aprender toda doutrina, e também da Doutrina Social.

Como afirma o Concílio Vaticano II, "é dever da Igreja investigar a todo o momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho; para que assim possa responder, de modo adaptado em cada geração, às eternas perguntas dos homens acerca do sentido da vida presente e da futura, e da relação entre ambas" (Gaudium et spes, 4).

Texto completo em italiano e inglês aqui.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Encontro com o Corpo Diplomático



A diplomacia pontifícia é realmente expressão da própria catolicidade da Igreja. Essa ação combate toda a indiferença e interpela continuamente as consciências

No nosso diálogo, gostaria que tivéssemos presentes três palavras-chave, que constituem os pilares da ação missionária da Igreja e do trabalho da diplomacia da Santa Sé.

A primeira palavra é paz. Demasiadas vezes pensamos nela como uma palavra “negativa”, ou seja, como uma mera ausência de guerra e de conflito, visto que o confronto faz parte da natureza humana.

Na perspectiva cristã – como na de outras experiências religiosas – a paz é, principalmente, um dom: o primeiro dom de Cristo: “Dou-vos a minha paz” (Jo 14, 27). No entanto, essa paz é um dom ativo e envolvente, que envolve e compromete a cada um de nós, independentemente do contexto cultural e da filiação religiosa, e que exige, sobretudo, um trabalho sobre si mesmo. A paz constrói-se no coração e a partir do coração, erradicando o orgulho e as pretensões, e medindo a linguagem, pois também com as palavras se pode ferir e matar, não só com as armas.

A segunda palavra é justiça. A busca da paz exige a prática da justiça. Na mudança de época que estamos a viver, a Santa Sé não pode deixar de fazer ouvir a sua voz perante os numerosos desequilíbrios e injustiças que conduzem, entre outras coisas, a condições indignas de trabalho e a sociedades cada vez mais fragmentadas e conflituosas. 

Cabe aos responsáveis governamentais esforçarem-se por construir sociedades civis harmoniosas e pacíficas. Isto pode ser feito, principalmente, investindo na família, fundada na união estável entre o homem e a mulher, uma “sociedade muito pequena certamente, mas real e anterior a toda a sociedade civil”. Além disso, ninguém pode deixar de favorecer contextos em que a dignidade de cada pessoa é protegida, especialmente a das mais frágeis e indefesas, do nascituro ao idoso, do doente ao desempregado, seja ele cidadão ou imigrante.

A terceira palavra é verdade. Não é possível construir relações verdadeiramente pacíficas, mesmo no seio da comunidade internacional, sem a verdade. 

Por seu lado, a Igreja nunca se pode furtar a dizer a verdade sobre o homem e sobre o mundo, mesmo recorrendo, quando necessário, a uma linguagem franca, que pode provocar alguma incompreensão inicial. A verdade, porém, nunca está separada da caridade, que tem sempre na sua raiz a preocupação pela vida e pelo bem de cada homem e mulher. Além disso, na perspectiva cristã, a verdade não é a afirmação de princípios abstratos e desencarnados, mas o encontro com a própria pessoa de Cristo, que vive na comunidade dos crentes. 

Texto completo aqui.

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Primeira nomeação episcopal

O Papa Leão XIV nomeou o Pe. Miguel Ángel Contreras Llajaruna, S.M. como Bispo Auxiliar da Diocese de Callao no Peru.

O bispo-eleito tem 45 anos de idade e 17 anos de sacerdócio; é Marista e completou seus estudos de Mestrado em Sagradas Escrituras no Brasil, na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte. 

Assim, o Santo Padre quis oferecer ao país que o acolheu como missionário e bispo as primícias de suas nomeações episcopais.


Encontro com os Lassalistas



Fico muito contente em receber-vos no terceiro centenário da aprovação de vosso Instituto e de vossa Regra e no 75º aniversário de proclamação de São João Batista de La Salle como "Patrono celeste de todos os educadores". 

As origens da vossa obra falam muito de "atualidade". São João Batista de La Salle começou respondendo a um pedido de ajuda de um leigo, Adriano Nyel, que se esforçava para manter de pé as suas "escolas dos pobres". O vosso fundador deu vida a um sistema de educação novo: o das Escolas Cristãs, gratuitas e abertas a todos. Entre os elementos inovadores: educação feita em classes e não mais a alunos singularmente; adoção do francês como língua didática, em lugar do latim; aulas dominicais para os jovens que trabalhavam durante a semana; o envolvimento da família.

Os jovens da nossa época são um vulcão de vida, energias, sentimentos e ideias. Têm, porém, também eles necessidade de ajuda, para fazer crescer tanta riqueza e para superar o que pode impedir um são desenvolvimento.

Hoje há outros obstáculos a enfrentar: isolamento, superficialidade, individualismo e instabilidade afetiva; esquemas de pensamento enfraquecidos pelo relativismo; ritmos e estilos de vida que não dão lugar à escuta, à reflexão e ao diálogo, na escola, na família e mesmo entre os coetâneos, com a solidão que disso deriva.

Outro aspecto da realidade lassaliana é a docência vivida como ministério e missão, como consagração na Igreja. São João Batista de La Salle amava dizer: "O vosso altar é a cátedra", promovendo uma realidade até então desconhecida, a dos professores e catequistas leigos, investidos na comunidade de um verdadeiro e próprio "ministério", segundo o princípio de evangelizar educando e educar evangelizando.

Texto completo em italiano aqui.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Jubileu das Igrejas Orientais



Sois preciosos. Mirando-vos, penso na variedade de proveniências, na história gloriosa e nos ásperos sofrimentos que muitas de vossas comunidades padeceram e padecem.

Sim, tendes um "papel único e privilegiado, no contexto originário da Igreja nascente". É significativo que algumas de vossas Liturgias utilizam ainda a língua do Senhor Jesus.

"A conservação dos ritos orientais é mais importante do que se crê".

A Igreja precisa de vós. Como é grande a contribuição que nos pode dar o Oriente cristão! Quanta necessidade temos de recuperar o sentido do mistério, tão vivo nas vossas liturgias, que envolvem a pessoa humana na sua totalidade, cantam a beleza da salvação e suscitam o estupor pela grandeza divina que abraça a pequenez humana! E como é importante descobrir, também no Ocidente cristão, o sentido do primado de Deus, o valor da mistagogia, da intercessão incessante, da penitência, do jejum, das lágrimas pelos próprios pecados e pelos da humanidade, tão típicos da espiritualidade oriental!

As vossas espiritualidades, antigas e sempre novas, são medicinais. 

E muito obrigado, obrigado a vós, queridos irmãs e irmãs do Oriente, do qual veio Jesus, o Sol da Justiça, por serdes "luz do mundo".

O esplendor do Oriente cristão exige, hoje mais que nunca, liberdade de toda dependência mundana e de toda tendência contrária à comunhão, para ser fiéis na obediência e no testemunho evangélicos.

Texto completo aqui.

BRASÃO E LEMA DE LEÃO XIV

 


BRASÃO

O brasão representa um escudo dividido diagonalmente em dois setores: o superior tem um fundo azul e nele está representado uma flor-de-lis (lírio branco), símbolo da devoção mariana do novo Pontífice; o inferior tem um fundo claro e apresenta uma imagem que remete à Ordem de Santo Agostinho: um livro fechado sobre o qual há um coração transpassado por uma flecha. A imagem remete à experiência de conversão de Santo Agostinho, que ele próprio explicava com as palavras "Vulnerasti cor meum verbo tuo", "Feriste meu coração com a tua Palavra".

LEMAIN ILLO UNO UNUM

Trata-se das palavras que Santo Agostinho pronunciou em um sermão, a Exposição sobre o Salmo 127, para explicar que “embora nós cristãos sejamos muitos, no único Cristo somos um”.


ORAÇÃO PELO PAPA



Ó Santa Virgem Maria, Mãe do Senhor do Céu e da Terra, Nossa Senhora de Guadalupe, guiai e protegei o Romano Pontífice, Papa Leão XIV. Pela vossa intercessão, ele possa receber em abundância a graça própria do Sucessor de São Pedro: fonte e fundamento perpétuo e visível da unidade dos nossos Bispos e de todos os nossos irmãos e irmãs no Corpo Místico de vosso Divino Filho. Uni o coração do Papa Leão ao vosso Coração Imaculado, conduzindo-o a repousar sempre mais seguro no Coração gloriosamente transpassado de Jesus, a fim de que possa confirmar-nos na fé católica, no culto de Deus em espírito e verdade, e numa vida cristã boa e santa.

No tumulto do tempo presente, guardai o Papa Leão no abrigo de vosso santo manto, no seguro refúgio dos vossos braços, protegendo-o de Satanás, o pai da mentira, e de todo espírito maligno. Implorai ao Senhor que lhe conceda, em particular, a sabedoria e a coragem para ser um verdadeiro Pastor da Igreja universal. Convosco, deposito toda minha confiança em Cristo, o Bom Pastor, o qual apenas é nosso auxílio e nossa salvação. Amém. 

Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no ventre da Virgem Mãe, tende piedade de nós!

Nossa Senhora de Guadalupe, Rainha dos Apóstolos, rogai por nós!

São Pedro e São Paulo, intercedei por nós!

São Leão Magno, papa, rogai por nós!

terça-feira, 13 de maio de 2025

Visita privada à Curia Geral Agostiniana

O Papa Leão XIV fez uma visita privada à Cúria Geral dos Agostinianos. Ali, residiu de 2001 a 2013, quando ocupava o cargo de Prior Geral da Ordem.

O Santo Padre celebrou a Santa Missa e se entreteve com seus antigos confrades.

Nesse dia, em que o Calendário Romano Geral marca a Festa de Nossa Senhora de Fátima, a Virgem Maria é celebrada no Calendário Agostiniano sob a invocação de Nossa Senhora do Socorro.



segunda-feira, 12 de maio de 2025

Encontro com os operadores de mídia



Agradeço o trabalho que realizastes e realizais neste tempo que, para a Igreja, é essencialmente um tempo de Graça.

No “Sermão da Montanha”, Jesus proclamou: «Felizes os pacificadores» (Mt 5, 9). Esta é uma bem-aventurança que nos interpela a todos e vos diz respeito de perto, chamando cada um ao compromisso de levar adiante uma comunicação diferente, que não procura o consenso a qualquer custo, que não se reveste de palavras agressivas, que não adere ao modelo da competição, que nunca separa a busca da verdade do amor com que humildemente a devemos procurar. A paz começa em cada um de nós: na forma como olhamos para os outros, ouvimos os outros, falamos dos outros; e, neste sentido, a forma como comunicamos adquire uma importância fundamental: temos de dizer “não” à guerra das palavras e das imagens, temos de rejeitar o paradigma da guerra.

Permiti-me, então, que hoje reitere a solidariedade da Igreja para com os jornalistas presos por terem procurado relatar a verdade. Só os povos informados podem fazer escolhas livres

Hoje, um dos desafios mais importantes é promover uma comunicação capaz de nos fazer sair da “torre de Babel” em que, por vezes, nos encontramos, sair da confusão de linguagens sem amor, muitas vezes ideológicas ou sectárias. 

Caros amigos, com o tempo aprenderemos a conhecer-nos melhor. Não precisamos de uma comunicação beligerante e musculosa, mas sim de uma comunicação capaz de escutar, de recolher a voz dos fracos que não têm voz. Desarmemos as palavras e ajudaremos a desarmar a Terra. Uma comunicação desarmada e desarmante permite-nos partilhar uma visão diferente do mundo e agir de forma coerente com a nossa dignidade humana.

Texto completo aqui.