sexta-feira, 16 de maio de 2025

Encontro com o Corpo Diplomático



A diplomacia pontifícia é realmente expressão da própria catolicidade da Igreja. Essa ação combate toda a indiferença e interpela continuamente as consciências

No nosso diálogo, gostaria que tivéssemos presentes três palavras-chave, que constituem os pilares da ação missionária da Igreja e do trabalho da diplomacia da Santa Sé.

A primeira palavra é paz. Demasiadas vezes pensamos nela como uma palavra “negativa”, ou seja, como uma mera ausência de guerra e de conflito, visto que o confronto faz parte da natureza humana.

Na perspectiva cristã – como na de outras experiências religiosas – a paz é, principalmente, um dom: o primeiro dom de Cristo: “Dou-vos a minha paz” (Jo 14, 27). No entanto, essa paz é um dom ativo e envolvente, que envolve e compromete a cada um de nós, independentemente do contexto cultural e da filiação religiosa, e que exige, sobretudo, um trabalho sobre si mesmo. A paz constrói-se no coração e a partir do coração, erradicando o orgulho e as pretensões, e medindo a linguagem, pois também com as palavras se pode ferir e matar, não só com as armas.

A segunda palavra é justiça. A busca da paz exige a prática da justiça. Na mudança de época que estamos a viver, a Santa Sé não pode deixar de fazer ouvir a sua voz perante os numerosos desequilíbrios e injustiças que conduzem, entre outras coisas, a condições indignas de trabalho e a sociedades cada vez mais fragmentadas e conflituosas. 

Cabe aos responsáveis governamentais esforçarem-se por construir sociedades civis harmoniosas e pacíficas. Isto pode ser feito, principalmente, investindo na família, fundada na união estável entre o homem e a mulher, uma “sociedade muito pequena certamente, mas real e anterior a toda a sociedade civil”. Além disso, ninguém pode deixar de favorecer contextos em que a dignidade de cada pessoa é protegida, especialmente a das mais frágeis e indefesas, do nascituro ao idoso, do doente ao desempregado, seja ele cidadão ou imigrante.

A terceira palavra é verdade. Não é possível construir relações verdadeiramente pacíficas, mesmo no seio da comunidade internacional, sem a verdade. 

Por seu lado, a Igreja nunca se pode furtar a dizer a verdade sobre o homem e sobre o mundo, mesmo recorrendo, quando necessário, a uma linguagem franca, que pode provocar alguma incompreensão inicial. A verdade, porém, nunca está separada da caridade, que tem sempre na sua raiz a preocupação pela vida e pelo bem de cada homem e mulher. Além disso, na perspectiva cristã, a verdade não é a afirmação de princípios abstratos e desencarnados, mas o encontro com a própria pessoa de Cristo, que vive na comunidade dos crentes. 

Texto completo aqui.

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