segunda-feira, 19 de maio de 2025

Aos representantes das Igrejas ou comunidades cristãs não-católicas e de outras religiões



A minha eleição ocorreu no 1700º aniversário do Primeiro Concílio Ecumênico de Niceia. Este Concílio representa um marco na elaboração do Credo partilhado por todas as Igrejas e Comunidades eclesiais. Enquanto estamos a caminho de restabelecer a plena comunhão entre todos os cristãos, reconhecemos que esta unidade só pode ser a unidade na fé. Como Bispo de Roma, considero ser um dos meus deveres prioritários procurar o restabelecimento da comunhão plena e visível entre todos aqueles que professam a mesma fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

Com efeito, a unidade foi sempre para mim uma preocupação constante, como o testemunha o lema que escolhi para o ministério episcopal: In Illo uno unum, expressão de Santo Agostinho de Hipona que nos recorda como também nós, embora sejamos muitos, «n’Aquele que é um [ou seja, Cristo], somos um só» (Comentários aos Salmos, 127, 3). A nossa comunhão realiza-se efetivamente na medida em que convergimos no Senhor Jesus. Quanto mais formos fiéis e obedientes a Ele, mais unidos estaremos entre nós. 

Ao mesmo tempo que expresso afeto fraterno a Sua Santidade Bartolomeu, a Sua Beatitude Teófilo III e a Sua Santidade Mar Awa III, estou sinceramente grato a cada um de vós: a vossa presença e orações são para mim de grande conforto e encorajamento.

Gostaria de dirigir uma saudação especial aos nossos irmãos e irmãs judeus e muçulmanos. Devido às raízes judaicas do cristianismo, todos os cristãos têm uma relação especial com o judaísmo

As relações entre a Igreja Católica e os muçulmanos têm sido marcadas por um crescente empenho no diálogo e na fraternidade, fomentado pela estima por estes irmãos e irmãs, pois «adoram eles o Deus Único, vivo e subsistente, misericordioso e omnipotente, criador do céu e da terra, que falou aos homens» (ibid., 3). Esta abordagem, baseada no respeito mútuo e na liberdade de consciência, é uma base sólida para construir pontes entre as nossas comunidades.

Num mundo ferido pela violência e pelo conflito, cada uma das comunidades aqui representadas traz o seu próprio contributo de sabedoria, compaixão e empenho para o bem da humanidade e para a preservação da casa comum. 

O testemunho da nossa fraternidade, que espero possamos demonstrar com gestos eficazes, contribuirá certamente para a construção de um mundo mais pacífico, como todos os homens e mulheres de boa vontade desejam em seu coração.

Texto completo aqui.

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