sexta-feira, 6 de junho de 2025

Aos moderadores das Associações de Fiéis, Movimentos Eclesiais e das Novas Comunidades


O dom da vida associativa e dos carismas

As realidades agregadoras a que pertenceis são muito diversas, por natureza e por história, e todas são importantes para a Igreja. Algumas nasceram para partilhar um objetivo apostólico, caritativo de culto, ou para apoiar o testemunho cristão em ambientes sociais específicos. Outras, porém, nasceram de uma inspiração carismática, de um carisma inicial que deu origem a um movimento, a uma nova forma de espiritualidade e de evangelização.

Na vontade de se associar, que deu origem ao primeiro tipo de agregação, encontramos uma caraterística essencial: ninguém é cristão sozinho! Fazemos parte de um povo, de um corpo que o Senhor constituiu. Santo Agostinho, falando dos primeiros discípulos de Jesus, diz: «Tinham-se tornado certamente o templo de Deus, e não o tinham sido apenas individualmente, mas no seu conjunto tinham-se tornado o templo de Deus» (En. in Ps. 1315). A vida cristã não é vivida isoladamente, como se fosse uma aventura intelectual ou sentimental, confinada na nossa mente e no nosso coração. Vive-se com outros, em grupo, em comunidade, porque Cristo ressuscitado se faz presente entre os discípulos reunidos em seu nome.

Depois, há as realidades nascidas de um carisma: o carisma de um fundador ou de um grupo de iniciadores, ou o carisma que se inspira no de um instituto religioso. Também esta é uma dimensão essencial na Igreja. 

Assim, tudo na Igreja é entendido com referência à graça: a instituição existe para que a graça seja sempre oferecida, os carismas são suscitados para que essa graça seja recebida e dê frutos. Sem os carismas, corre-se o risco de que a graça de Cristo, oferecida em abundância, não encontre terreno propício para a receber! É por isso que Deus suscita os carismas, para que despertem nos corações o desejo de um encontro com Cristo, a sede da vida divina que Ele nos oferece, numa palavra, a graça!

Com isto quero reafirmar, na esteira dos meus Predecessores e do Magistério da Igreja, sobretudo a partir do Concílio Vaticano II, que os dons hierárquicos e os dons carismáticos «são coessenciais à constituição divina da Igreja fundada por Jesus». 

Unidade e missão, em união com o Papa

Unidade e missão são duas pedras angulares na vida da Igreja e duas prioridades no ministério petrino. Por isso, convido todas as associações e os movimentos eclesiais a colaborar fiel e generosamente com o Papa, especialmente nestes dois âmbitos.

Esta unidade, que viveis nos grupos e nas comunidades, expandi-a por toda a parte: na comunhão com os Pastores da Igreja, na proximidade com as outras realidades eclesiais, na proximidade com as pessoas que encontrais.

Mantende sempre vivo entre vós este zelo missionário: os movimentos desempenham ainda hoje um papel fundamental na evangelização. Ponde os vossos talentos ao serviço da missão, quer nos lugares da primeira evangelização, quer nas paróquias e nas estruturas eclesiais locais, para chegar a tantos que estão longe e, por vezes sem o saber, esperam a Palavra de Vida.

Conclusão

Mantende sempre o Senhor Jesus no centro! Isto é o essencial, e os próprios carismas servem para isto. O carisma serve para o encontro com Cristo, para o crescimento e amadurecimento humano e espiritual das pessoas e para a edificação da Igreja. Neste sentido, todos somos chamados a imitar Cristo, que se esvaziou a si mesmo para nos enriquecer (cf. Fl 2, 7). Assim, quem persegue um objetivo apostólico com os outros ou quem é portador de um carisma é chamado a enriquecer os outros despojando-se de si mesmo. E isso é fonte de liberdade e de grande alegria.

Texto completo aqui.

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