O Evangelho que acaba de ser proclamado mostra-nos Jesus rezando por nós na Última Ceia (cf. Jo 17, 20).
Cristo pede, com efeito, que todos sejamos «um só» (v. 21). Trata-se do maior bem que possa ser desejado, porque esta união universal realiza entre as criaturas a comunhão eterna de amor em que se identifica o próprio Deus, como Pai que dá a vida, Filho que a recebe e Espírito que a partilha.
O Senhor não quer que nos juntemos numa massa indistinta, como um bloco sem nome, apenas com o fim de estarmos unidos, mas deseja que sejamos um: «como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós» (v. 21). A unidade pela qual Jesus reza é, portanto, uma comunhão fundada no mesmo amor com que Deus ama, do qual provêm a vida e a salvação.
Ouvir hoje esse Evangelho, durante o Jubileu das Famílias, das Crianças, dos Avós e dos Idosos, enche-nos de alegria.
Caríssimos, recebemos a vida antes de a termos desejado. Assim sendo, todos nós vivemos graças a uma relação, ou seja, a um vínculo livre e libertador de humanidade e de cuidado recíproco.
É verdade que às vezes essa humanidade é traída. Por exemplo, cada vez que se invoca a liberdade não para dar a vida, mas para tirá-la; não para socorrer, mas para ofender.
Essa oração do Senhor dá sentido pleno aos momentos luminosos do nosso querer bem aos outros, como pais, avós, filhos e filhas. E é isso que queremos anunciar ao mundo: estamos aqui para sermos “um”, como o Senhor nos quer “um”, nas nossas famílias e onde quer que vivamos, trabalhemos e estudemos: diferentes, mas um; muitos, mas um; sempre, em todas as circunstâncias e em todas as etapas da vida.
Caríssimos, se nos amarmos assim, sobre o fundamento de Cristo, que é «o Alfa e o Ômega», «o Princípio e o Fim» (cf. Ap 22, 13), seremos sinal de paz para todos na sociedade e no mundo. E não esqueçamos: das famílias nasce o futuro dos povos.
Por isso, digo a vós, esposos, com o coração cheio de gratidão e esperança: o casamento não é um ideal, mas a regra do verdadeiro amor entre o homem e a mulher; amor total, fiel, fecundo (cf. São Paulo VI, Carta enc. Humanae vitae, 9). Esse mesmo amor, ao transformar-vos numa só carne, torna-vos capazes de, à imagem de Deus, doar a vida.
Na família, a fé é transmitida, de geração em geração, juntamente com a vida: é partilhada como o alimento da mesa e os afetos do coração. Isso torna-a um lugar privilegiado para encontrar Jesus, que nos ama e quer sempre o nosso bem.
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