terça-feira, 10 de junho de 2025

Aos Representantes Pontifícios

Vós sois, já com as vossas pessoas, uma imagem da Igreja Católica, porque não existe em nenhum país do mundo um Corpo diplomático tão universal como o nosso! Porém, ao mesmo tempo, creio que se pode dizer igualmente que nenhum país do mundo tem um Corpo diplomático tão unido como vós estais unidos: porque a vossa, a nossa comunhão não é apenas funcional, nem apenas ideal, mas estamos unidos em Cristo e estamos unidos na Igreja. É interessante refletir sobre este fato: que a diplomacia da Santa Sé constitui, em seu próprio pessoal, um modelo – não certamente perfeito, mas muito significativo – da mensagem que propõe, ou seja, da fraternidade humana e da paz entre todos os povos. 

E agora gostaria de compartilhar convosco uma imagem bíblica que me veio à mente ao pensar na vossa missão em relação à minha. No início dos Atos dos Apóstolos (3,1-10), o relato da cura do coxo descreve bem o ministério de Pedro. Estamos nos albores da experiência cristã e a primeira comunidade, reunida em torno dos Apóstolos, sabe que pode contar com uma única realidade: Jesus, ressuscitado e vivo. Um homem coxo está sentado pedindo esmola à porta do Templo. Parece a imagem de uma humanidade que perdeu a esperança e está resignada. Até hoje, a Igreja encontra frequentemente homens e mulheres que não têm mais alegrias, que a sociedade colocou à margem, ou que a vida os forçou, de certo modo, a mendigar a existência. Assim relata esta passagem dos Atos: “Então Pedro fixou o olhar nele juntamente com João e disse: ‘Olha para nós’. E ele se voltou para eles, esperando receber alguma coisa. Mas Pedro lhe disse: ‘Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!’. E, tomando-o pela mão direita, o levantou. De repente, seus pés e tornozelos se fortaleceram e, saltando, pôs-se em pé e começou a andar; e entrou com eles no Templo, caminhando, saltando e louvando a Deus” (3,4-8).

A solicitação que Pedro faz a este homem nos faz refletir: “Olha para nós!”. Olhar nos olhos significa construir uma relação. O ministério de Pedro é criar relações, pontes; e um Representante do Papa está, acima de tudo, a serviço deste convite, deste olhar nos olhos. Sede sempre o olhar de Pedro! Sede homens capazes de construir relações onde é mais difícil. Mas ao fazer isso, conservai a mesma humildade e o mesmo realismo de Pedro, que sabe muito bem que não tem a solução para tudo: “Não tenho nem ouro nem prata”, diz; mas sabe também que tem o que realmente importa, ou seja, Cristo, o sentido mais profundo de toda a existência: “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!”

Caros irmãos, que vos console sempre o fato de que o vosso serviço está sub umbra Petri, como encontrareis gravado no anel que recebereis como meu presente. Sentí-vos sempre ligados a Pedro, guardados por Pedro, enviados por Pedro. Somente na obediência e na comunhão efetiva com o Papa o vosso ministério poderá ser eficaz para a edificação da Igreja, em comunhão com os Bispos locais.

Texto completo aqui.

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