Hoje temos a alegria e a graça de celebrar o Jubileu da Santa Sé na memória litúrgica de Maria Mãe da Igreja.
João, o único dos Doze que estava presente no Calvário, viu e testemunhou que, aos pés da cruz, estava a mãe de Jesus, junto às outras mulheres (v. 25). E ouviu com os seus próprios ouvidos as últimas palavras do Mestre, entre as quais estas: «Mulher, eis o teu filho!», e depois, dirigidas a ele: «Eis a tua mãe!» (v. 26-27).
A maternidade de Maria, através do mistério da Cruz, deu um salto impensável: a mãe de Jesus tornou-se a nova Eva, porque o Filho a associou à sua morte redentora, fonte de vida nova e eterna para cada homem que vem a este mundo. O tema da fecundidade está bem presente nesta liturgia. A Oração Coleta põe-no imediatamente em evidência, fazendo-nos pedir ao Pai que a Igreja, sustentada pelo amor de Cristo, seja «cada vez mais fecunda em seu amor materno».
A fecundidade da Igreja é a mesma fecundidade de Maria; e realiza-se na existência dos seus membros na medida em que eles revivem, em menor dimensão, o que a Mãe viveu, isto é, amam segundo o amor de Jesus. Toda a fecundidade da Igreja e da Santa Sé depende da Cruz de Cristo. Caso contrário, é só aparência, se não pior.
Na Oração Coleta pedimos também que a Igreja «exulte com a santidade dos seus filhos e filhas». Com efeito, esta fecundidade de Maria e da Igreja está inseparavelmente ligada à sua santidade, ou seja, à sua conformação com Cristo. A Santa Sé é santa como o é a Igreja, no seu núcleo original, na fibra de que é tecida. Assim, a Sé Apostólica conserva a santidade das suas raízes enquanto é guardada por elas. Mas não é menos verdade que ela vive também na santidade de cada um dos seus membros. Por isso, a melhor maneira de servir a Santa Sé é esforçarmo-nos por ser santos, cada um de nós segundo o seu estado de vida e a tarefa que nos é confiada.
Chegamos agora ao segundo ícone, aquele escrito por São Lucas no início dos Atos dos Apóstolos, que representa a mãe de Jesus juntamente com os Apóstolos e os discípulos no Cenáculo (1, 12-14). Mostra-nos a maternidade de Maria com a Igreja nascente, uma maternidade “arquetípica”, que permanece atual em todos os tempos e lugares. E que é sempre e principalmente fruto do mistério pascal, do dom do Senhor crucificado e ressuscitado.
Maria, no Cenáculo, graças à missão materna que recebeu aos pés da cruz, está ao serviço da comunidade nascente: ela é a memória viva de Jesus e, como tal, é, por assim dizer, o polo de atração que harmoniza as diferenças e torna concordante a oração dos discípulos.
Os Apóstolos, também neste texto, são elencados pelo nome, e como sempre o primeiro é Pedro (cf. v. 13). Mas ele próprio, efetivamente o primeiro, é apoiado por Maria no seu ministério. Do mesmo modo, a Mãe Igreja apoia o ministério dos sucessores de Pedro com o carisma mariano. A Santa Sé experimenta de modo muito especial a copresença dos dois polos, o mariano e o petrino. E é o mariano que garante a fecundidade e a santidade do petrino, com a sua maternidade, dom de Cristo e do Espírito.
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